quarta-feira, 10 de abril de 2013

Bom Retiro 958 Metros




Muito mais do que uma encenação teatral e  um roteiro bem sucedido. Não falamos de algo que possa ser comparado e julgado aos padrões habituais de arte. Sem nenhum tipo de explicação, você é rapidamente imergido em um mundo atemporal. A sensação que se tem é que surge uma espécie de portal, que transporta toda a plateia para um universo paralelo. De repente fica difícil distinguir plateia de ator ou personagem, tornam-se todos uma coisa só.
Assim inicia-se essa viagem fantástica... a cada passo (sim caminhamos com o elenco pelas ruas do Bom Retiro), uma descoberta trazida por um novo questionamento. Esse quebra-cabeça saboroso aos poucos conquista e instiga. Personagens fascinantes vão surgindo... a faxineira divertida, a noiva perdida no tempo, uma mulher em volta às suas loucuras consumistas, uma manequim com defeito que busca ser aceita com uma pureza que emociona. Claro que o mendigo viciado em craque é uma das maiores obras-primas da trama, pois nas palavras de um “louco” revela grandes verdades e  loucura parece ser não concordar com este homem. Além da costureira castelhana, que mostra que essa história também é repleta de dores, pragas e aflições.
Seguimos os passos dessas personagens que não só nos guiam pelas ruas do Bom Retiro, como nos fazem sentir parte desse lugar, nas entrelinhas de cada ato o fantasma do próprio Bom Retiro fica cada vez mais forte, e sem uma explicação única, cada um ali presente, passa a senti-lo.
Beleza, genialidade, ousadia, compromisso e originalidade são alguns dos muitos adjetivos que a obra e o próprio grupo Vertigem merecem por esse feito.
Com uma proposta inédita, as reflexões e reações não poderiam ser diferentes. Dali em diante levamos para casa, a mudança e construção de algo novo, o teatro, o Bom Retiro e cada um de nós, nunca mais serão os mesmos.  



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