domingo, 29 de julho de 2012

Romeu e Julieta

Parece inacreditável se eu disser que a apresentação mais linda, profunda e por que não dizer “bem feita” de Romeu e Julieta, eu vi numa praça pública, em plena luz do dia e totalmente gratuita.
Nesse último sábado, dia 28 a cidade de São Paulo ganhou um grande presente. Marcando o início das comemorações dos trinta anos do Grupo Galpão, ocorreu a apresentação de Romeu e Julieta no Parque da Juventude.
Seria estranho dizer que em quase duas horas de peça, numa localização extremamente movimentada e barulhenta, com acomodações tão confortáveis quanto um paralelepípedo, e tratando-se de um texto numa linguagem rebuscada, num português tradicional e lírico, não houvesse plateia mais atenta e apaixonada. Isso seria de fato estranho se não estivéssemos falando de um espetáculo com artistas completos, onde a arte circense se mistura a dramaturgia e fica difícil de distinguir o que é o quê.
O cenário é de uma genialidade sem tamanho, um carro velho e todo decorado. Apenas ele e alguns adereços. Isso é o suficiente para o desenrolar de uma das tramas mais famosas da dramaturgia mundial.
E ali, naquele cenário dançam e cantam aqueles que mexem  com nossa imaginação e algumas vezes nos levam às lágrimas.
A cena em que Romeu jura pela Lua, tão famosa, ganha significado diferente nas vozes desses artistas. O amor em sua forma mais terna e singela supera todos os clichês e nos leva a uma reflexão estranha, a repensar velhos conceitos, através de uma história já tão conhecida, mas que ainda pode ser muito entendida.
Claro que estamos falando de Shakespeare, é inquestionável sua genialidade, mas penso que grandes artistas são aqueles capazes de verem no óbvio, no conhecido e no fácil um caminho que sempre te levará a mais.
Parabéns ao Grupo Galpão pela apresentação. Muitos adjetivos parecem ser convenientes a atuação deste clássico, mas só consigo usar a palavra “Lindo” para falar do que julgo  perfeito.