A relação conflitante entre fé e conhecimento é responsável
por um debate de ideias genial. O contraste entre dois homens, que
aparentemente não possuem nenhuma ligação é só o início dessa viagem alucinante,
que deve levar a caminhos escuros e desesperançosos, como a questionamentos
mais íntimos, tais como fé, moral e felicidade.
Assim começamos a falar de Expresso Para o Pôr do Sol.
Enquanto a plateia se acomoda distribuindo-se pelas cadeiras
do teatro arena, a cena já acontece, é possível sentir a energia que emana dos
atores. O cenário rústico ganha vida com a ajuda da iluminação, que merece e
deve ser elogiada, cada pequeno ato é perfeitamente sincronizado com a trama,
dando vida e ênfase aos diálogos mais complexos.
A trama, que gira basicamente em torno de uma tentativa de
suicídio frustrada, diante da ajuda de um desconhecido, aborda diretamente a
questão da depressão diante do conhecimento e até que ponto ele contribui positivamente
na visão de vida do ser humano. Por outro lado questões como fé são colocadas
de forma prática diante da impaciência daquele que não vê mais graça na existência
humana.
Um dos diálogos que nos leva ao pico da reflexão é aquele
que indaga as “verdades” bíblicas, onde conclui-se que muito se fala sobre más
condutas, e resume-se o caminho do bem em apenas uma saída; a integridade.
Esse é o típico espetáculo que acompanha o expectador quando
termina. É sem dúvida uma história de coragem, não só por seu enredo, que fala
de homens que defendem suas verdades mais íntimas, mas a coragem que existe por
trás daquele palco, onde artistas talentosíssimos transformam grandes dilemas
da mente humana em uma obra de arte que certamente nos faz alguém intimamente
melhor.