domingo, 30 de setembro de 2012

Luis Antonio Gabriela






As razões capazes de fazer Luis Antonio Gabriela inesquecível para qualquer expectador teatral são incontáveis. A começar pelo óbvio, que é a estrutura de cena.
 Logo quando entramos no teatro, percebemos que ali, em meio aquele cenário aparentemente sem sentido e com os atores já se aquecendo no palco, algo longe do convencional irá acontecer.
A atuação dramática e a criação coletiva tornam a obra “saborosa”. A impressão que se tem é que cada passo foi minuciosamente pensado e elaborado com maestria e cuidado.
A explicação para tamanha dedicação talvez esteja na influência que a história tem no diretor Nelson Baskerville. O espetáculo, que leva o nome de seu irmão mais velho, Luis Antonio, homossexual assumido na década de 70, e que viveu seus últimos dias em 2006 na Espanha, tem cenas fortes e chocantes, como a cena em que Luis Antonio molesta Bolinha e também na surra que leva de seu pai, ambas cenas muito bem elaboradas. Efeitos com luzes e artifícios manuais, além da interpretação impecável dos atores deixa a plateia cada vez mais hipnotizada.
A junção de todos os efeitos, como as fotos exibidas no telão e até uma pausa com a filmagem de uma suposta reunião entre o grupo teatral reforçam a idéia de que “Luis Antonio Gabriela” é no mínimo, diferente de tudo que já se viu.
Além de todo processo artístico, que merece ser reconhecido, o que é inegável é a beleza da história, que não fala apenas daquele que pagou o preço alto da solidão e do isolamento para poder ser quem realmente queria, mas retrata momentos de uma família, que como outras tantas, errou tentando acertar.
As reflexões finais de um artista, que com tamanha hombridade, abre a intimidade de sua família e de sua história, buscando assim, estar em paz diante de seu passado, são responsáveis pela emoção final, e por assim dizer, pela construção dessa linda história chamada Luis Antonio Gabriela. Obrigada Nelson, sua história tem muito a nos ensinar.