
As razões capazes de fazer Luis Antonio Gabriela
inesquecível para qualquer expectador teatral são incontáveis. A começar pelo
óbvio, que é a estrutura de cena.
Logo quando entramos
no teatro, percebemos que ali, em meio aquele cenário aparentemente sem sentido e com os atores já se aquecendo
no palco, algo longe do convencional irá acontecer.
A atuação dramática e a criação coletiva tornam a obra
“saborosa”. A impressão que se tem é que cada passo foi minuciosamente pensado
e elaborado com maestria e cuidado.
A explicação para tamanha dedicação talvez esteja na influência
que a história tem no diretor Nelson Baskerville. O espetáculo, que leva o nome
de seu irmão mais velho, Luis Antonio, homossexual assumido na década de 70, e
que viveu seus últimos dias em 2006 na Espanha, tem cenas fortes e chocantes,
como a cena em que Luis Antonio molesta Bolinha e também na surra que leva de
seu pai, ambas cenas muito bem elaboradas. Efeitos com luzes e artifícios
manuais, além da interpretação impecável dos atores deixa a plateia cada vez
mais hipnotizada.
A junção de todos os efeitos, como as fotos exibidas no telão
e até uma pausa com a filmagem de uma suposta reunião entre o grupo teatral
reforçam a idéia de que “Luis Antonio Gabriela” é no mínimo, diferente de tudo
que já se viu.
Além de todo processo artístico, que merece ser reconhecido,
o que é inegável é a beleza da história, que não fala apenas daquele que pagou
o preço alto da solidão e do isolamento para poder ser quem realmente queria,
mas retrata momentos de uma família, que como outras tantas, errou tentando
acertar.
As reflexões finais de um artista, que com tamanha hombridade,
abre a intimidade de sua família e de sua história, buscando assim, estar em
paz diante de seu passado, são responsáveis pela emoção final, e por assim dizer, pela construção dessa linda história chamada Luis Antonio Gabriela.
Obrigada Nelson, sua história tem muito a nos ensinar.